4/28/2006

E QUE RAIO DE IDEIA VEM A SER ESSA DE ATRIBUIR AS PENSÕES DE REFORMA COM BASE NA ESPERANÇA DE VIDA?


Alguém me explica?

E?...


A igreja católica acabou de admitir o uso do preservativo como "um mal menor".
A reacção da população a esta notícia não se fez esperar e foi... zeros.

Como era de calcular, os noventa e não sei quantos por cento de católicos confessos deste país estão-se absolutamente a cagar para isso e , como já faziam até agora, vão continuar a usar as suas camisinhas, as suas pílulas e demais objectos de contracepção/diversão e, também como até agora, vão continuar a recorrer às clínicas de Badajoz para uns dias de "descanso" quando a borrachinha falhar.

Porque como todos sabemos, o que importa é o que se diz e o que se mostra e não o que se faz pois assim se mantém a santa ordem.


Aliás, estou em crer que só mesmo esta padaria é que reagiu à notícia do preservativo... e juro-vos que foi por absoluta falta de assunto.
Espera-se uma leva de maior inspiração para breve.

4/26/2006

OS PESCADORES DE PÉROLAS

Adorámos tanto o catálogo que recebemos hoje na caixa do correio que quase que nem nos aguentámos quando descobrimos que, além da versão em papel, também há on-line.

A Rosarinho jurava a pés juntos que lá no bairro o capítulo country vai ser o boom da redecoração.

Por outro lado, quem não tem uma joaninha destas em casa não sabe o que perde. Depois só fica a faltar um sinalizador para a gente não tropeçar na joaninha que estava a assinalar o degrau no qual nós não tropeçámos graças à dita joaninha. Brilhante!

O que não conseguimos mesmo concluir (burrice nossa por certo), é porque raio esta vassoura é telescópica. Mas deve ser a ilustração prática daquela anedota mais velha que fazer em França: É um telescópio porque se a meteres no (piiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!) vês estrelas! Voilá!

Não percam, está tudo aqui. Registem-se e comecem a mudar as vossas vidas. Nós dispensamos.

4/25/2006

O DIA DA CARCAÇA


Celebra-se hoje, com a indolência a que já estamos acostumados, mais um Dia da Carcaça Velha.

.Como sempre, vieram as Carcaças Velhas de Calibre 24 e disseram que antes é que havia respeito e ordem.
.Então vieram as Carcaças Velhas de Calibre 25 e disseram que quem não usa cravos é mau e quem usa é bom.
.E as Carcaças Velhas de Calibre 24 disseram que andaram os soldadinhos a defender o que era nosso e depois deram tudo aos pretos e os brancos tinham lá casinhas tão boas, seus criminosos!
.E as Carcaças Velhas de Calibre 25 disseram que nunca deviam ter acabado com o PREC que eram uns senhores barbudos tão jeitosos, até pareciam os primos do Bin Laden, que eles é que conseguiam dominar esta canzoada toda que anda agora para aí a roubar!
.E as Carcaças Velhas de Calibre 24 disseram que dantes o povo ia todo à missa e era temente a deus e não havia pouca vergonha como agora em que um bom pai de família quer andar nas putas descansado como dantes e já não pode.
.E as Carcaças Velhas de Calibre 25 disseram que os ideias da revolução foram deturpados por todos os aproveitadores que instalaram um sistema corrupto, incluindo eles que também não dispensam meter uma cunhazita para arranjar um emprego ou para desenrascar um processo na administração.

Por isto tudo, venho aqui declarar que não tenho nada a ver com esta cegada e que cá na padaria as carcaças, brioches e cacetes, são fresquíssimos e fabricados com a melhor matéria-prima. Nada de pão velho!

4/23/2006

OLÁ QUERIDOS CLIENTES!!!

Eu hoje podia-vos falar das justificações delirantes dos deputados para as famosas baldas pascais, da descoberta que a Worten fez segundo a qual daqui a 10 anos os putos de hoje vão estar a dançar disco sound devido a uma mutação genética, da correspondência de revista Maria, dos 32 anos da revolução... mas que se lixe.

Hoje, o que importa mesmo
é que o Beira...

VOLTOU À PRIMEIRA!!!



Beijos da vossa

Rosarinho

4/21/2006

LEVANTA-TE E ANDA!

E ainda dizem mal dos funcionários públicos!
Pura injustiça!


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A última vez que tentaram este truque foi há 2000 anos, quando um tal Jota Cê se virou para um morto e lhe disse "Levanta-te e anda!"

Depois disso foi a inércia total.
Até que um exemplar dessa injustiçada raça (os funcionários públicos) disse: "Levanta-te e vem buscar uma certidão!"
Só nos falta saber se o milagre deu resultado... mas também ninguém garante que da primeira vez tenha dado! Há más-línguas que dizem que não...

A ROSARINHO CORTOU-SE

Não se quis comprometer com nenhum dos clientes em especial e, com os neurónios a chocalhar que a rapariga não tem estofo para tanta letra, resolveu atribuir prémios a todos, em várias categorias.

O Prémio “Cenas da Vida Real Inventadas”

O Prémio “É mais Fácil Beber... Que Perceber”

O Prémio “Graxa à Empregada”

O Prémio “Hemorróidas no Fim-de-semana”

O Prémio “Toma Lá de Volta!”

O Prémio “Teologia Para Totós”

O Prémio “Sim, Dá-se Um Jeito e Cabe, Mas à Rasquinha”

O Prémio “Literatura Portuguesa”

O Prémio “É Uma Limpeza”

O Prémio “Como Nem Eu Percebi Bem Tive Que Explicar”

O Prémio “Serão em Família”

O Prémio “Bom Gosto do Caraças”

O Prémio “Quelarêsa”

O Prémio “Poder de Síntese”

O Prémio “Médicos da Caixa”

O Prémio “Grande Poeta é o Povo”

O Prémio “Sim, o Tamanho Importa, grande demais não cabe…”

4/20/2006

BORA PÔR A CLIENTELA A TRABALHAR

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Há muito tempo que a clientela deste tasco anda na malandragem.
Queremos as frases para estes balões. A melhor proposta, que vai ser escolhida pela parva da empregada, é publicada mais logo.

4/18/2006

AÍ VAI CACETE

Por unanimidade, acabámos de atribuir à SIC o Grande Cacete Cuspir Para o Ar é Uma Merda.
Durante este fim-de-semana, naquele magnífico apontamento protagonizado por Conceição Lino intitulado "Nós Por Cá", foi um tal encher o papinho de riso à custa dos parolos de uma terrinha por acaso aqui perto, que além de não se entenderem quanto ao nome da parvónia ainda afixaram uma placa no Largo Principal (ou seja, na aldeia toda) com três monumentais erros de ortografia, nomeadamente "edificio" e "construido" sem acento e "adquerido".
No mesmíssimo serviço noticioso, porém, os urbanos e letradíssimos trabalhadores de Carnaxide (lol), escreveram "homília" em vez de "homilia" (talvez em homenagem a alguma prima que têm na terra chamada Maria Homília) e "cartazes sexy's" (esta sim, de almanaque), sabendo que para construir um plural não se usa o apóstrofo e que os adjectivos em inglês nem sequer se flexionam no plural, pelo que deveria ser "cartazes sexy". Deve ter sido de propósito para os gajos de Sosa os conseguirem entender, só pode!...


Finalmente, quero apenas deixar aqui os títulos de alguns mails que recebi hoje:
elegant russiann Girl in porno!
Russsian refined Slut harddcore picss and moovies.
Russiaan pleasant Schoolgirls here doing pulchritudinous bloowjob.
Do you like russian Schoolgirls doing charming blowwjob?
pulchritudinous russian Schoolgirls at Porrn!
Group dishy russian teens haardcore!
Just good-looking russian suckking Diick!

E deixar uma questão:
Era a isto que a Nossa Senhora de Fátima se referia quando falou na conversão da Rússia?

4/17/2006

Hoje, meus queridos clientes, vou antes de mais nada desvendar o enigma que deixei na semana anterior. Infelizmente ninguém acertou, mas os palpites foram sem dúvida alguma de grande perspicácia, que é o mínimo que se pode exigir aos clientes aqui da padaria, pois já se sabe que se não fossem inteligentes não vinham cá, iam consumir brioches e cacetes de inferior qualidade numa qualquer indústria de congelados.
O Papá Urso , o Calantrão, o RPS e o Psiconight apostaram em pedra e, como diz o Malato, agarraram-se a duas coisas com muita lógica sim senhores, o nome da flausina do filme que é pedra ou calhau (Stone) e a palavra Rock de Rock in Rio que também quer dizer calhau embora de maiores dimensões. A puta da flauta é que estraga tudo. Azar!
O meu amigo Ivar apostou em vinho. Também gostei. Basicamente é preciso muito vinho para quase tudo na vida, por isso aqui estamos mesmo a aproximar-nos do espírito do concurso que é “Esta merda pode ser qualquer cena”. Mas não, também não é vinho.
O Patrãozinho apostou em tanga, mas está enganado, existem flautas na Coreia e, imagino eu, de vários tamanhos e feitios.
O P acha que a palavra é merda, vejam só se eu, uma rapariga tão educada, ia mandar uma caralhada dessas! Oh P, francamente!
Finalmente o Bífido achou que era dor de cabeça mas não explicou porquê.
Ora a palavra certa era TANSO. Sim, vejamos porquê:

1 – Só um tanso é que ainda vai na conversa de ir ver a Sharon Stone de raspão a descruzar as tíbias e parece que desta vez nem isso faz porque se esqueceu de ir à esteticista.
2 – Só um tanso é que se sujeita a pagar uma batelada de massa para ir ver umas quantas brasucas aos berros e aos saltos e ainda levar nas trombas que aquilo é para ajudar umas instituições, só se for a Sonotone.
3 – Neste momento, embora talvez mais na semana passada por esta altura, um sócio do Benfica deve-se sentir um tanso do caraças.
4 – É preciso ser tanso para acreditar que o livro a criticar a Margarida Rebelo Pinto e que ela supostamente quer boicotar não é uma manobra de publicidade a favor da dita.
5 – Pronto, aqui é que está a verdadeira razão de ser do enigma. Era só para vocês ficarem a saber que eu sei que a flauta tradicional da Coreia do Norte se chama Tanso. Pimba!

Para finalizar, quero aqui deixar uma palavra de apreço pelos nossos queridos deputados da assembleia da república que, num invulgar gesto de patriotismo e boa vontade se baldaram em massa na quarta-feira para passarem a santa Páscoa na terra, deixando a assembleia sem quórum que permitisse aprovar fosse o que fosse. Ganharam eles e ganhámos nós. Ganhámos nós porque:

1. Não gastaram água nem toalhetes da casa de banho nesse dia, o que representa uma grande poupança.
2. Não lixaram a cabeça aos porteiros e ao resto do pessoal que também só estava à espera do final do dia para ir de férias em paz e sossego.
3. Não gastaram os estofos das cadeiras a esfregar o rabo nelas – mais poupança.
4. Não puderam aprovar nenhuma lei pateta daquelas que só servem para nos enterrar.

Sei que algumas más-línguas da oposição se puseram a dizer que isto foi uma falta do PS, que não tem mão nos seus meninos e que no tempo deles isso nunca acontecia porque eles garantiam que pelo menos houvesse quórum. Ora eu tenho a dizer que essa afirmação é de um grande descaramento pois só prova que eles se baldavam na mesma, apenas se revezavam. Assim, os que lá ficavam de castigo podiam aprovar leis e como estavam podres que nem perus vingavam-se em nós com leis ainda piores, o que resultava em que, das vantagens acima expostas, não constava a número quatro que acaba por ser a mais importante de todas.
A acrescentar a isto, vale a pena mencionar que o espírito de sacrifício dos deputados foi de tal ordem que consta que alguns chegaram mesmo assinar o livro de presenças antes de dar de frosques, com canetas próprias, compradas com dinheiro do seu próprio bolso e não pedidas no economato. Bravo!

Por hoje queridos clientes, é tudo.
Fiquem como sempre com uma beijoca da vossa

Rosarinho

4/14/2006

O Vaticano, que já não tinha lata para fazer uma coisa destas há q'anos, acaba de taxar como pecados passíveis de serem confessados, ver televisão, ler jornais e andar na internet.

Em primeiro lugar quero aqui deixar a minha total concordância, catrapiscar o marido da vizinha do andar de baixo, desviar uns guitos da carteira dos cotas ou apanhar umas besanas ao fim-de-semana NÃO PODE ser mais grave do que seguir atentamente o circo das celebridades, comprar o 24 Horas para ficar a saber da evolução do caso de hemorróidas de x ou y ou perder tempo a ler este e outros blogues.

Em segundo lugar, quero deixar aqui a minha sentida homenagem a Bento XIV, que com esta medida não vai conseguir, evidentemente, que a malta deixe de ler jornais, ver televisão ou andar nos sites porno. No entanto, com a vida chata que a maior parte do pessoal leva, pelo menos a sensação de estar a "pecar" no sentido tradicional do termo quando faz uma destas coisas, vai com certeza ganhar uma nova pica.

Bem haja!

4/12/2006

DIDAS NO LUNA PARQUE

Tal como o Bagaço,



também eu estou a ficar ultra viciada nesta cena.




Vão lá e façam a vossa, ou, de preferência, votem nas nossas.

A PÁSCOA

Simboliza, entre outras coisas, a eterna luta entre o bem e o mal.





Deve ser por isso que ano após ano continuam a testar a nossa capacidade de resistência ao mal, com mais uma versão televisiva ou cinematográfica da paixão da cristo em horário nobre.

4/10/2006

Hoje apeteceu-me construir um enigma assim tipo concurso “A Herança”. Vamos ver quantos clientes conseguem adivinhar a solução e explicar a lógica da coisa. As pistas são:

Instinto fatal 2
Rock In Rio
Sócio do Benfica
Margarida Rebelo Pinto
Flauta coreana

Vá lá queridos. Para a semana eu desvendo a solução e anuncio o nome do vencedor.

Beijocas!

4/07/2006

JÁ ESTEVES BEM E DERREPENTE FOI TUDO PARA A TRAZ?

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Recomendamos uma consulta na Irmã Janice, muito particularmente à Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, que com o patrocínio exclusivo da SIC Notícias acabou agora mesmo de nos tentar convencer que os manuais escolares não são um negócio da china mas sim uma missão que eles carregam nas costas a bem da humanidade e a quem pelos vistos o governo está finalmente a tentar tirar a mama. Duvidamos que consiga.
Mas duma coisa temos a certeza: certos manuais escolares, publicados em papel de altíssima qualidade, com um design super atraente e um preço de fazer as famílias empenhar o ouro todo lá de casa para pôr os filhos a estudar, devem ter sido precisamente os utilizados pela Irmã Janice para aprender português. Dah!

4/06/2006

A TERCEIRA PARTICIPAÇÃO DA PADARIA NA V EDIÇÃO DO ESCRITOR FAMOSO


O Homem que Via Muitos Filmes, por Didas

Aqui

Abril, dia 9, ano: 3056.
Em frente ao complexo painel de comandos da nave, o Capitão Ant, finalmente a sós consigo mesmo, reflectia sobre tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. A certeza de que dele dependiam algumas centenas de vidas atormentava-o. Atormentava-o ainda mais saber que cada uma dessas vidas era um ser inocente, no desconhecimento total da realidade que era a incerteza do futuro. Apesar de ter assegurado a todos, como era seu dever, que tudo agora estava bem e prosseguiam a bom ritmo na direcção de um novo planeta, a consciência de que ainda havia inúmeros perigos a ultrapassar, provocava-lhe um nó na garganta. E se não conseguisse? E se, por incompetência sua, aquelas vidas se perdessem?
Aquelas vidas era tudo o que restava do que fora, ainda há uns dias, a gloriosa raça humana. Agora, atacado e dizimado por seres alienígenas, todo o esplendor de todas as conquistas do homem se tinha perdido à velocidade de um fósforo. O holocausto tinha sido quase total e apenas uns poucos haviam sobrevivido. Mas o espírito tenaz do ser humano possibilitaria a fundação de uma colónia num ponto longínquo do universo e o ressurgimento da sua civilização grandiosa. O importante era não perder a audácia e a coragem! Cabia ao Capitão, e ele sabia-o, transmitir aos demais a confiança necessária ao bom sucesso da missão!
Bem no íntimo, no entanto, havia outra preocupação que perturbava o Capitão Ant. Só um homem nobre como ele se preocuparia assim com um assunto desta natureza, mas o Capitão era um homem nobre, daquela estirpe de homens que só existe para tornar um pouco melhor a humanidade. Por isso, amargurava-se perante a visão das mulheres da colónia que dependiam de si. Claro que havia mais homens sobreviventes, mas era por ele que todas se degladiavam. Era ele o mais apetecível aos olhos de todas. Amanda, a pobre loira inocente de 1,80m, que ainda na noite anterior tinha rondado insistentemente os seus aposentos; Gloria, a ruiva de fartíssimo busto que com ar suplicante lhe servia diariamente as refeições; Joana, a infeliz morena de longos cabelos que o secretariava e tantas, tantas outras na nave, tudo faziam por um pouco da sua atenção. Mas Capitão Ant estava consciente do delicado equilíbrio que vivia naquela fragilizada comunidade. Sabia que não podia dar atenção especial a nenhuma mulher e, por outro lado, também não as podia desprezar. O esforço que fazia então para agradar a todas sem que nenhuma suspeitasse não ser a preferida, desgastava-o e deixava-o cada dia mais exausto fisicamente. Mas a causa, essa, era nobre! Tinha que aguentar até ao limite!
Estava nestes pensamentos profundos quando uma voz atrás de si o agitou:
- Oh Antunes!
- S... s… sim… chefe…
- Os processos que lhe dei de manhã para levar ao director, já os levou ou não?
- Vai já já, chefe!
- Oh homem, então? Sempre na lua! Assim não pode ser!
Antunes arrastou-se carregando uma pilha de papéis e saiu do gabinete na sua típica cadência alternada, graças à perna esquerda que tinha teimado em crescer mais do que a direita.
- Oh pá! Que raio faz o Antunes sempre no mundo da lua a carregar nos botões da fotocopiadora desligada com aquele riso idiota na cara?
- Oh chefe, sei lá! Deve ser da miopia, com aqueles óculos de fundo de garrafa, sabe lá ele onde está a carregar!... Coitado...
- Pois... coitado...
- Ou então anda a ver muitos filmes!

4/05/2006

A SEGUNDA PARTICIPAÇÃO DA PADARIA NA V EDIÇÃO DO ESCRITOR FAMOSO


COMO DESCOBRI QUE OS BEIJOS DE CINEMA NÃO EXISTEM, por Rosarinho, a Menina do Caixa

Aqui

Na minha imaginação de adolescente flutuavam sempre cenas de beijos de cinema. Fechava os olhos para dormir e elas passavam à minha frente ininterruptamente: Cenas amputadas de todos os filmes de amor que eu já havia visto. Uma e outra e outra sem parar até ao fade out do sono.
E eu sonhava ser beijada como no cinema.
Queria um beijo grandioso, com a luz a incidir no ângulo exacto, a harmonia perfeita dos movimentos e o som maravilhoso das orquestras.
Queria que os anjos descessem e nos envolvessem na aura cintilante do amor mágico.
Queria um beijo limpo e etéreo para guardar toda a vida na moldura da memória.
Preparei-me para esse beijo como anos antes me tinha preparado para a primeira comunhão. Imaculadamente.
...
O eleito foi o colega mais velho da turma. Era bonito e penteado. E já tinha quase dezasseis anos feitos. As duas retenções seguidas no oitavo ano granjeavam-lhe injustamente o maior sucesso junto das raparigas. Claro que isso era mal passageiro, mas os restantes viviam entre a depressão e o desespero porque não sabiam que lhes bastava esperar algum tempo.
Faltámos a matemática e fomos para casa dele. Os pais não estavam, trabalhavam longe o bastante para garantir a segurança do momento. Irmãos não havia.
Ele indicou-me a direcção do quarto e eu entrei. Estava desarrumado. Havia roupa suja espalhada pelo chão, embalagens de donuts vazias e uma anarquia de folhas soltas já amareladas rodeava o computador. Fiquei decepcionada, não tanto porque esperasse da parte dele mais consideração pela minha presença mas pela inadequação do cenário à perfeição do momento.
Quando terminei estas considerações mentais e me fixei no seu olhar vi, pela primeira vez na minha vida, aquele brilho irracional que se nota no fundo dos olhos dos homens imediatamente antes do sexo. Ainda só conhecia esse brilho dos filmes de lobisomens, por isso fiquei assustada. Dei uma passo atrás. Ele avançou, empurrou-me para cima da cama e veio sobre mim como animal esfomeado. Gritei - “Não!” – e consegui afastá-lo. Fugi para junto da parede, o mais longe dele que consegui encontrar dentro daquele espaço confinado. Ele levantou-se de imediato e correu para mim encurralando-me com o seu corpo contra a parede – “Vieste, agora dás!” – e enquanto me manietava com uma das mãos, com a outra desapertava as calças tirando para fora um pedaço de carne esbranquiçado e entumecido que me causou repugnância. Lambeu-me o pescoço e a face e era mais nojento do que o doberman odioso da minha tia.
Reuni todas as minhas forças e fugi. Ele perseguiu-me até à porta de saída. Olhei para trás uma vez derradeira e vi-o de pé, bufando com um touro furioso e segurando as calças com a mão. Levantou os braços numa última tentativa de me agarrar e as calças não resistiram ao poder da gravidade, ficando recolhidas a seus pés. As pernas eram brancas e magras, aquele pedaço de carne continuava ali a apontar debaixo da t-shirt e a visão já não era, em definitivo, a do mais bonito rapaz da turma.
Hesitei entre sair e aproveitar a súbita fragilidade do caçador. Empurrei-o para trás.
Com os movimentos das pernas tolhidos pelas calças caídas, tentou equilibrar-se rodando velozmente os braços. No rosto tinha agora um ar assustado e o pénis balançava como aqueles bonecos ridículos que saem de caixas impulsionados por molas.
Senti-me nauseada e fechei a porta atrás de mim.
Aquela não era decididamente uma cena em que se pudesse fazer um fade out decente.

(Texto muito vagamente inspirado no filme "Cinema Paraíso" de Giuseppe Tornatore)

4/03/2006

A PRIMEIRA PARTICIPAÇÃO DA PADARIA NA V EDIÇÃO DO ESCRITOR FAMOSO


A MUTILAÇÃO DO SONHO, pela Filha da Patroa

Aqui

Dezassete horas.
Como sempre entrei na sala de cinema com a sessão prestes a começar e, pela décima vez nesse dia disse:
- Pede-se o favor de desligarem os telemóveis e manterem silêncio durante o filme. Pipocas e refrescos vendem-se na entrada. A gerência agradece.
Que emprego tão aborrecido... e eu nem sequer gostava de cinema...
Como não tinha mais nada para fazer sentei-me numa cadeira vazia na fila da frente a descansar as pernas antes de regressar a casa. Acho que quando acabou a publicidade e finalmente começou o filme eu já tinha adormecido. Malditos anti-depressivos!
(...)
Acordei com gritos! Gritos, pânico, choro e sangue a salpicar por todo o lado. Gotas quentes de sangue de criança batiam-me na cara e ouvia-se o som infernal duma serra eléctrica pela sala. Já não havia qualquer filme na tela e a sala estava escura.
Escondi-me num canto e, com a ajuda da lanterna, consultei o folheto que tinha no bolso. Naquela sala, àquela hora, devia estar a passar o “Massacre no Texas”. Oh meu Deus! Eu já tinha visto aquele filme! O homem da serra eléctrica tinha saltado do ecrã!
O massacre continuava. Os gritos eram cada vez menos audíveis. Eu continuava escondida, será que me ia conseguir salvar? À medida que os gritos diminuíam, cadáveres e partes de corpos amputados caíam perto da cadeira onde me encontrava abaixada.
Continuava a ouvir a serra eléctrica, mas as vozes humanas estavam reduzidas a um homem que implorava misericórdia... Uma risada sádica e... ZÁS! Uma cabeça aterrava duas filas à frente da minha.
O homem da serra eléctrica começou então a aproximar-se. Conseguia ver as suas botas cheias de terra que transformavam em sujidade poças de sangue humano.
“Vai-te embora!” – pensava eu... Mas ele continuava ali, agora silencioso. O que estaria a fazer? Eu nem ousava mexer-me. Pelas minhas contas devia faltar uma meia hora para acabar o filme... –“Por essa altura ele deve voltar para a película” – pensei.
Mas eis que, de súbito, a serra eléctrica voltou à acção. Num único movimento cortou todas as cadeiras à minha frente. Eu estava agora a descoberto e ele olhava-me feliz, como se o Natal tivesse chegado mais cedo.
Pedi a Deus que guardasse os meus pais e que fizesse com que o meu noivo morresse também para me encontrar com ele no céu. Preparei-me para morrer. Fechei os olhos e ouvi a serra a aproximar-se. Mais, mais, cada vez mais... até que...
A sala toda rompeu em aplausos.
Acordei.
Tinha sido apenas um sonho.
Pensei, feliz e aliviada, no meu noivo. Mas não, o meu noivo só existira no meu sonho... eu continuava feia e desinteressante e nem o homem da serra eléctrica ia querer casar comigo.
Ainda hoje, sempre que acaba o meu turno ao fim da tarde, sento-me na fila da frente duma sala de cinema à espera que aconteça tudo de novo.

(inspirado no filme "The Texas Chainsaw Massacre", de Marcus Nispel)

Já tive aqui a ocasião de expressar a admiração que sinto pelo Dr Freitas. É um cota com o seu style muito peculiar, tem estudos, manda uns bitaites à maneira sem se engasgar nem lhe faltar o vocabulário e juro-vos, queridos clientes, que desde que não tivesse que entrar em intimidades com ele nem nada disso até gostava que um dia saíssemos juntos a um restaurante catita para depois passarmos de carro lá no bairro a meter raiva àquelas lambisgóias todas que lá param.
Mas ultimamente, não sei porquê, o cota tem-me desiludido. Primeiro foi aquela cena com os cartoons do Maomé que mais valia ter tentado passar na discreta. Agora foi esta cena de meter os papéis para viagem de serviço, com tudo pago pela malta e tal (e garanto-vos que as férias no Canadá, apesar de não darem nem um décimo da pica que dão umas por exemplo em Bora-Bora, estão pela hora da morte) e ir daqui apanhar umas quantas horas de avião e sujeitar-se a mendigar uma audiência com um peneirento cheio de gases que nem o queria receber (havia de ser comigo!...), para obter uma informação que se tem vindo aqui à padaria num dia em que eu estivesse de serviço lhe tinha dado à borla, num instantinho, sem chatices e ainda tomava um cafezinho e um bolinho de arroz à maneira.

A informação é: Os emigrantes portugueses que têm vindo a ser expulsos do Canadá estavam… ilegais!!! Dah!!!

Assim, meu querido, se tiver que se incomodar dessa maneira de todas as vezes que quiser ficar a saber coisas óbvias, não dura muito. Vá por mim! Faça antes uma pesquisa no Google, sei lá, veja as aulas da Universidade Aberta ao Sábado de manhã ou consulte as páginas amarelas. Ou então, ainda melhor… passe por cá! Uma de nós as três há-de cá estar para o esclarecer!
Fique com uma beijoca (na testa!) da sua admiradora
Rosarinho


NOTA: Não se esqueçam de participar na última edição do concurso, O Escritor Famoso, dinamizado (só podia ser) por uma homónima minha! Nós, aqui na padaria, ainda não entregámos os nossos textos, mas andamos todas a fervilhar de inspiração, até ao dia 9 alguma coisita há-se sair.
Beijinhos!